domingo, 23 de março de 2014

Breve reflexão sobre a Educação para Pessoa com Surdez

EDUCAÇÃO PARA PESSOAS COM SURDEZ

A travada discussão, já há dois séculos, entre a concepções gestualistas e oralistas tem feito com que o principal objetivo da educação de pessoas com surdez não seja atingido, ou seja desenvolver as suas potencialidades de forma individual e coletiva, deixando-as em segundo plano.
No Brasil, a nova política educacional, a qual está voltada para uma perspectiva inclusivista, tem se dedicado a sair de uma educação fragmentada, na tentativas de consolidar na área da Educação Especial, uma Educação de acesso e permanência de todos na escola comum, principalmente para a PS.
Entretanto, há que se ter ainda muitos debates, pensares e esclarecimentos de base epistemológicos, revendo assim, as práticas e tomadas de decisões, tanto na escola pública, como nas privadas, a fim de que se possa realmente atingir a aprendizagem da PS de forma consistente e efetiva.

Não vemos a pessoa com surdez como o deficiente, pois ela não o é, mas tem perda sensorial auditiva, ou seja, possui surdez, o que a limita biologicamente para essa função perceptiva. Mas, por outro lado, há toda uma potencialidade do corpo biológico humano e da mente humana que canalizam e integram os outros processos perceptuais, tornando essa pessoa capaz, como ser de consciência, pensamento e linguagem.(p.47, 48).

Há que se perceber a pessoa com surdez, assim como qualquer outro indivíduo, como um ser biopsicossocial, capaz de apropriar-se e produzir o conhecimento.

...pensar e construir uma prática pedagógica que se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez, na escola, é fazer com que essa instituição esteja imersa nesse emaranhado de redes sociais, culturais e de saberes. (p.49)


Nessa concepção pós-moderna da pessoa com surdez, surge uma concepção de aprendizagem bilíngue, agora com uma silhueta diferente, a LIBRAS e a Língua Portuguesa, na escola nos seus eixos históricos-cultural bem como na sua constituição formal em si mesmas.
Dentro dessa perspectiva de um ensino bilíngue ainda termos pensares onde se hierarquiza-se o ensino de uma língua sob a outra.


...há uma visão educacional priorizando a língua de sinais; prega-se uma hierarquia nos usos da língua, como se pudesse ser definido a priori; o bilinguismo, muitas vezes, dá lugar ao bimodalismo; não se leva em conta a abordagem bilíngue, considerando as pessoas em seus graus de surdez, a pessoa com implante coclear, os filhos de pais com surdez, os filhos de pais sem surdez; a formação de professores bilíngues; os processos de gestualizar, sinalizar, articular, oralizar, ler e escrever na aquisição e desenvolvimento das línguas. (p.50))

A perspectiva da Educação inclusivista, traz à tona uma reflexão sobre um novo paradigma, a reflexão de como a Educação, na escola comum, irá desenvolver o indivíduo como ser real, possível de potencialidades diversas, numa nova concepção de ser biopsicossocial, independente de sua condição física e ou intelectual, mas um capaz de aprender.
Nesse pensar vimos, novamente, a necessidade de reflexão e mudanças das práxis pedagógicas, fundamentadas em pesquisas reais e na legislação em vigor, vê-se aqui, a revolução real, quando se percebe minimamente que, mesmo à passos lentos estamos desbravando o caminho para que no futuro, esperamos, próximo a mudança de paradigma real.



Bibliografia

DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010. p.46-57.